Ambiente virtual de debate metodológico em Ciência da Informação, pesquisa científica e produção social de conhecimento

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Elaboração de poster científico

A divulgação de trabalhos científicos por meio de banner é sempre um tema interessante, pois permite trabalhar com novas formas de divulgação e popularização de conhecimento científico, mas também facilita a apresentação sumária de trabalhos para o público altamente especializado, que passa a ter uma ideia mais precisa da pesquisa divulgada, sem ter que se debruçar sobre, às vezes, enfadonhas páginas escritas. Com elementos de comunicação visual mais direta o poster pode auxiliar na difusão dos trabalhos científicos permitindo que o especialista possa rapidamente decidir se aquela pesquisa é de seu interesse e, por isso, merece ter suas informações melhor analisadas. Por isso um bom poster científico necessita sempre apresentar indicações e referências para o aprofundamento das questões ali esquematizadas. Muitas vezes os autores (até mesmo por imposições de modelos de congressos) acabam por transformar o banner em uma cópia ampliada de uma página impressa, o que é um notório desperdício das potencialidades comunicativas do veículo, bem como provável receio de exercitar a criatividade. 

Na semana  quem vem a UnB sediará o 18º Congresso de Iniciação Científica do Distrito Federal (ver aqui)  e elaborou um manual de orientação à confecção de posteres muito interessante, reproduzido parcialmente abaixo:
O pôster é um meio de comunicação visual. É uma fonte de informação do trabalho realizado, complementada por sua apresentação oral. A rigor, um pôster é um sumário e uma divulgação daquilo que foi pesquisado.

Dicas de como preparar um pôster
· Tente ser efetivo na disposição visual dos dados. O pôster é um resumo ilustrado.
· Mostre o que mais importa de sua pesquisa - o que foi realizado, como foi realizado e o que se recomenda ou se conclui. Evite enfocar os métodos. Os resultados e implicações são mais relevantes.
· Utilize gráficos, figuras e textos, preferencialmente coloridos, bem distribuídos aolongo do pôster (evite número excessivo de cores).
· Utilize títulos para destacar objetivos, resultados, conclusões, etc. Organize em colunas as sessões para melhor visualização e leitura.
· Minimize texto, use gráficos, figuras etc. Blocos de textos devem conter aproximadamente 50 palavras.
· O texto deve ser visível a uma distância de um metro, aproximadamente.

Planejamento e preparação do pôster
Planeje seu pôster com antecedência, escreva imediatamente a introdução e a metodologia, e lembre-se de rever o texto e suas idéias com o orientador e colaboradores.

Texto
Utilize para o título fonte 90 pts, negrito. Para os subtítulos utilize fonte 72 pts . Nesta área coloque: Título do plano de trabalho, Autores, e Departamento. O restante do pôster deve conter: Introdução, Metodologia, Resultados, Conclusões e, se necessário, Agradecimentos. As Referências bibliográficas podem estar numa folha à parte, disponível para a audiência e/ou como forma de lembrança. Textos auxiliares podem ser em fonte 18 ou 20 pts. Não esqueça de verificar ortografia antes da impressão final. 
Disposição Visual
Tamanho recomendado para o pôster: Largura – 90 cm,  Altura – 100 a 120 cmCuidado para não inverter essas medidas uma vez que os painéis possuem altura maior que a largura.
Elaboração
De posse dos textos, fotos, gráficos e figuras faça um rascunho, em escala, para auxiliar na estruturação visual do pôster bem como na avaliação do espaço disponível. Nesta etapa, planeje como as informações irão fluir ao longo do pôster. Diminua número de textos, gráficos, figuras etc., se o pôster parecer congestionado. Evite diminuir o tamanho da fonte como solução para congestionamento.Use uma cor para título, introdução e conclusões, e uma segunda cor para o restante. Utilize uma terceira cor para destacar alguns resultados.
A perspectiva apresentada pela UnB é bastante interessante por não estabelecer normas ou modelos inflexíveis, e, em seu lugar, dar diretrizes básicas além de uma extensa relação de links das mais renomadas universidades do mundo relacionados ao tema. Veja aqui o documento do PROIC-UnB na íntegra

As ilustrações utilizadas neste post são parte de uma exposição maior (ver nota aqui), feita exclusivamente com banners, e mostram mais uma possibilidade de tentar mesclar a precisão da linguagem científica com elementos da comunicação visual. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Como é difícil ser pesquisador no Brasil


Recebi, no dia 26/09 mensagem eletrônica de uma colega pesquisadora colombiana sobre um edital de cooperação internacional da CAPES para projetos comuns. A parte colombiana do edital já está on-line e traz todos os anexos necessários à compreensão do projeto, bem como o detalhamento necessário, conforme pode ser visto aqui. O prazo final para o envio de propostas se encerra no dia 31 de outubro e, até onde entendi, permite que a aplicação seja solicitada por pesquisadores de qualquer um dos países participantes. 

Clique para ampliar -
Print Screen realizado em  01/10/2012
1ª tentativa: o portal
Ao tentar fazer a minha parte da "lição de casa", ou seja, buscar informações locais sobre as exigências para que um pesquisador brasileiro possa apresentar o pedido, fui surpreendido pela ausência de informação no portal da CAPES, que  apenas exibia uma placa dizendo "Em negociação", como pode ser visto no print screen ao lado.
Como é possível que um programa de cooperação já esteja vigente e publicamente divulgado por um dos parceiros e "em negociação" com o outro? Na vã esperança de ser somente um problema de atualização da informação no portal, busquei mais informações. 

2ª tentativa: contatos de outros setores da CAPES
Primeiro tentei ver se a coordenação de área do Comitê de Ciências Sociais Aplicadas 1 (comitê no qual se encontram os programas de Ciência da Informação) sabia de algo, mesmo não se tratando de algo diretamente relacionado à sua esfera de atuação. Nada feito a informação não fora compartilhada com os comitês.

3ª tentativa: contato telefônico frustrado com a coordenação internacional
O passo seguinte, por sugestão do próprio comitê de área, foi tentar um contato telefônico com a coordenação internacional da CAPES. A tarefa foi mais árdua do que parecia, já que não há link específico para o contactar o setor na página (como é que fica a questão do acesso à informação?). Resolvi telefonar para o número indicado no "fale conosco". Depois de ouvir um extensa gravação sobre as opções que eu deveria teclar para seguir adiante, consegui ser atendido. Para que eu simplesmente pudesse perguntar qual era o número telefônico da área internacional tive que dar nome completo e CPF. Após conseguir que o atendente compreendesse a solicitação fui informado que o assunto era de competência da CAPES e não do INEP! Isso mesmo: a partir no número disponibilizado no portal da CAPES para atendimento, fui parar em outro órgão do MEC. 

4ª tentativa: contato telefônico com a coordenação internacional - parte 1
Ao menos consegui ser redirecionado para a CAPES, sem ter que realizar outro telefonema. Novamente fui atendido por uma pessoa que não tinha muita ideia sobre minha solicitação, mas que para poder ouvi-la teve que, antes, anotar, novamente, todos meus dados; desta vez com indicação de minha data de nascimento. 

5ª tentativa: contato telefônico com a coordenação internacional - parte 2
Aquele primeiro atendimento na CAPES (o segundo do dia) subitamente foi transferido para outra pessoa, a quem tive que, novamente, explicar que eu apenas queria informações sobre o programa de cooperação com a Colômbia, o Colciências. Desta vez meus dados requiridos foram profissão e número de telefone. Ao menos consegui obter o número do setor de cooperação internacional

6ª tentativa: contato telefônico com a coordenação internacional - finalmente!
Nessa nova ligação consegui ser atendido, finalmente, na área internacional, e sem ter que indicar nenhum dado pessoal. Após expor a questão e aguardar um pouco obtive a resposta de que a pessoa responsável pelo convênio estava de férias e que sua chefe estava inacessível em uma reunião. Mesmo assim a pessoa com que falei foi bastante solícita e me disse que até a próxima semana a informação estaria disponível e que eu "não deveria me preocupar". 

O episódio é bem preocupante sim !
Ora se um edital tem cerca de 36 dias de prazo (de 25/09 a 31/10, segundo o portal colombiano) e apenas disponibiliza sua informação básica por um tempo menor (ainda não sabemos quanto), obviamente que o tempo de preparação do projeto e da documentação fica bastante comprometido, principalmente porque sequer há sinalização de quais serão as possibilidades e requisitos para fazer a submissão pelo lado brasileiro. Em se tratando de um projeto internacional de cooperação o prazo é algo bastante crítico já que envolve tomada de decisões e ajustes institucionais que não competem apenas aos pesquisadores interessados. O passo inicial seria poder ter pleno conhecimento do que é o edital, quais projetos pode abarcar, quais não pode, quais os requisitos dos participantes, dos coordenadores e qual é a documentação necessária. Para o momento, no caso em questão, os pesquisadores (de dois países, de três diferentes instituições) estão em stand by, extremamente preocupados com os prazos e o acesso à informação. 

O pesquisador que assina esta nota está, ainda, muito preocupado com a maneira com a qual o acesso às informações é trabalhado em nosso país, comprometendo o avanço da ciência brasileira. Acesso à informação, no âmbito do portal da CAPES, não deveria se resumir a uma logomarca com link à página da CGU referente à nova lei e à divulgação (ou não) de salários de funcionários. O acesso à informaçãoem questão relaciona-se principalmente à divulgação clara e precisa de informações relativas às atividades-fim da agência a qualquer pesquisador interessado, independente de CPF, confirmação de nome, endereço etc. Deveria ainda propiciar um contato direto com o setor responsável sem ter que obrigar o interessado a passar por uma bateria de guichês telefônicos. Custa muito colocar no portal TODOS os ramais e telefones da agência? Isso não seria também uma política de acesso à informação? Por que consigo ter acesso aos dados salariais de funcionários, mas não consigo localizar os telefones dos diferentes setores de um órgão público? Por que consigo ter acesso ao portal brasileiro da transparência mas só consigo ter informações precisas sobre um projeto CAPES em um portal estrangeiro? 

Em tempo: na bateria de guichês telefônicos pela qual passei, meus dados pessoais foram anotados diversas vezes, sem que eu fosse informado sobre qual seria o uso e o porquê da exigência. Em nenhum momento fiquei sabendo mais do que o prenome de quem me atendeu. Será que, por uma questão de reciprocidade e de compreensão da dimensão do que é prestar um serviço público, eu não deveria ter sido também informado do nome completo e matrícula das pessoas com as quais falei?